O violador de túmulos originou-se como
parte da mitologia árabe. Esteve presente em diversos contos de As Mil e Uma
Noites. Os violadores de túmulos representaram um aspecto mais demoníaco dos
jinns, os espíritos da mitologia árabe. O ghul árabe (masculino) e a ghulah
(feminino) viviam perto das sepulturas e atacavam e comiam cadáveres.
Acreditava-se que os violadores de túmulos moravam em locais desertos onde
poderiam assaltar viajantes incautos que os confundiam com um companheiro de
viajem, sendo dessa forma desencaminhados. Ghul-I-Beában era um violador de túmulos
particularmente monstruoso que se acreditava habitar os desertos do Afeganistão
e Irã. Marco Polo, refletindo sobre os relatos de violadores de túmulos que
ouviu durante duas viagens, sugeriu que violadores de túmulos, grifos e boa fé
eram três coisas a que pessoas faziam referência freqüente, mas que não
existiam.
Os violadores de túmulos retornaram à
cultura popular no século XX através de uma enxurrada de filmes de monstros.
Os novos violadores de túmulos eram parecidos com vampiros na medida que
reanimavam pessoas mortas de forma humanóide apesar de se alimentarem de carne
humana. Agiam também sem intenção e sem intelecto e pareciam ser, de certas
forma, derivados do zumbi – a figura do folclore haitiano que alegadamente
voltava a viver através da magia e era fadada a trabalhar a serviço da pessoa
que a reavivara.
Um caso do século XIX, o de Fraçois
Bertrand, é um exemplo popular de comportamento idêntico ao dos violadores de
túmulos. Bertrand, um oficial não-comissionado do exército francês foi
detido após ter entrado no cemitério e ter violado vários túmulos em Paris.
Foi condecorado e sentenciado à longa pena em 1849 após confessar ter uma
incontrolável compulsão para dilacerar os cadáveres de mulheres e de meninas.
Sua história se tornou mais tarde a base de um romance popular, The Werewolf of
Paris, de Guy Endore.
Os violadores de túmulos modernos, na
realidade um misto de violador/zumbi, foram apresentados em dois filmes
dirigidos por George Romero: Night of the Living Dead (1968) e Dawn of the Dead
(1979). Night of the Living Dead retratava os mortos retornando à vida por meio
de uma espécie de radiação, para comer seus pares humanos. Os mortos-vivos
andavam devagar, eram limitados em suas ações e podiam ser destruídos por um
projétil ou uma pancada na cabeça. Embora pudessem ser mortos com relativa
facilidade, em grupo poderiam sobrepujar indivíduos ou pequenos grupos, tais
como os que, no filme, estavam confinados à casa da fazenda. Night of the
Living Dead e Dawn of the Dead parecem ter inspirado uma série de filmes
italianos destacando uma variação do violador/zumbi, conforme exemplificado no
filme City os the walking dead (1983) de Umberto Lenzi.
O Livro dos
Vampiros, A Enciclopédia dos Mortos Vivos - J. Gordon Melton