Ivan,
o Terrível foi o primeiro czar da Rússia, e seu comportamento arbitrário e
cruel levou muitos a compara-lo a Vlad o Empalador, o Drácula histórico. Ivan
herdou o título do Grão-Duque de Moscovy quando tinha 3 anos de idade e
cresceu observando as famílias líderes (os boiardos) de sua terra liderarem os
países por um período de caus, à medida em que lutavam entre si por parcelas
de poder. Tinha 17 anos quando um Conselho de Escolha surgiu para efetuar
reformas. Embora eles tenham tido sucesso em acabar com o caos, Ivan discutiu
continuamente com seus membros sobre uma vasta quantidade de assuntos
administrativos. Em 1564, frustado, abdicou repentinamente. Quando o povo exigiu
seu retorno, pôde ditar os termos de sua reintegração e obter o poder quase
absoluto. Movimentou-se rapidamente para estabelecer sua própia elite
governamental, a Oprichnina, que retirou grande parte do poder remanescente das
mãos do boiardos. O reinado de duas décadas de Ivan foi marcado, em parte,
pela sua conquista das terras ao longo do Rio Volga e por seu movimento para a
Sibéria, assim como a disastrosa guerra em que se envolveu quando tentou sem
sucesso capturar a Livônia (hoje Estônia). Ele é mais lembrado, todavia não
por suas ações políticas, mas por sua conduta pessoal. No afã de
enstabelecer, agia rapidamente na punição (e às vezes execução) de muitos
que desafiavam seu reinado ou que de alguma forma mostrassem desrespeito pelo
que ele considerava seu status engrandecido.
Entre as tendências excepcionais mais lembradas
pelos seus conteporâneos, Ivan possuía um senso de humor negro, bem similar ao
que fora atríbuido a Vlad. Freqüentemente, esse humor caracterizava as
torturas e execuções daqueles que se tornavam o objeto de sua ira. Conforme
assinalou um historiador, S. K. Rosovetskii, muitas das histórias sobre Ivan
eram variações daquelas atribuídas a Vlad um século antes. Por exemplo,
havia a história folclórica romena sobre os cidadãos moradores da cidade de
Tigorviste, a capital de Drácula. Os cidadãos tinham caçoado do irmão de Drácula.
Em represália, ele reuniu os principais cidadãos (os boiardos) após as
celebrações da Páscoa e, em suas melhores roupas, fez com que marchassem na
construção do Castelo de Drácula. Ivan, reporta-se, fez algo parecido na
cidade de Volgoda quando as pessoas o viram na manhã da Páscoa. Juntou-as
todos ainda em suas melhores roupas de festa e construiu uma nova muralha para a
cidade. Talvez a mais famosa história de Drácula contada a partir de Ivan se
referia ao enviado turco que se recusou a tirar seu chapéu na presença de Drácula.
Este, em seguida, pregou o chapéu do homem a sua cabeça. Ivan, reporta-se, fez
o mesmo com um diplomata italiano (ou, num relato alternativo, com um embaixador
francês). Ivan, como Vlad, muitas vezes se virava contra poderosas figuras da
sociedade russa e os humilhava para evitar seu retorno à dignidade de seus
cargos. Conta-se a história, por exemplo, de seu ataque sobre Pimen, o
representante metropolitano russo-ortodoxo de Novgorod. Despiu-o de suas vestes
litúrgicas e vestiu-o de ministrel ambulante (uma ocupação rejeitada pela
igreja) e montou um casamento satírico no qual Pimen se casaria com uma égua.
Apresentando o despido prelado com os sinais de seu novo status, uma gaita de
foles e uma lira, Ivan despachou-o da cidade. Ivan era diferente de Vlad com
relação ao seu apetite sexual, tinha sete esposas e cerca de 50 concubinas.
Também deixou os seus sucessores imediatos com uma herança mista. Embora
tivesse expandido o território da Rússia, deixou o país na bancarrota e o
descontentamento com seu reinado cresceu de forma contínua. Ivan, todavia,
morreu de forma pacífica enquanto jogava xadrez, no dia 18 de março de 1584.