"Et
pourtant sans plaisir je dépense le vier;
Et souvent quand, pour moi, les heures de la nuit
S'ecoulent sans sommei, san songe ,sans bruit,
Il passe dans mon couer de brillantes penseés,
D'invincibiles décirs, de fougues insensées!"
( Ch. Dovalle )
Acredita-se
que a História primeva da família esteja registrada no lendário Livro de Nod.
Entitulado a partir da terra do leste do Éden para qual Caim viajou pela
primeira vez, o livro narra o nascimento doloroso das linhagens e das origens da
Jyhad.
No princípio havia apenas Caim. Caim que por ódio
assassinou o irmão. Caim que foi banido. Caim que foi amaldiçoado com a
imortalidade. Caim de quem todos viemos, Senhor de nossos senhores.
Durante uma era que ele viveu em isolamento. Em
meio à solidão e ao sofrimento. Por uma era permaneceu sozinho.
Mas o passar da memória afogou sua mágoa. E
assim, ele retornou ao mundo dos mortais. Para o mundo que seu irmão e os
filhos de seu irmão haviam criado.
Voltou e se fez ser bem-vindo. As pessoas viram
seu poder e o adoraram, tornando-o Rei de sua grande cidade. A primeira cidade.
Um lugar chamado Enoque.
Embora tenha se tornado regente de uma nação
poderosa, ainda estava solitário. Pois ninguém era como ele. E sua tristeza
cresceu novamente.
Então ele cometeu outro grande pecado, gerando
uma Progênie. De apenas três Progênitos foi composta, mas estes geraram
outros Progênitos, os netos de Caim.
E então Caim disse: "Que este crime chegue
ao fim. Não gerarei mais progênitos." E a palavra de Caim fez-se lei. E
sua prole obedeceu essa lei.
A
cidade durou muitas eras. Tornou-se o centro de um Império poderoso. Mas então,
veio o Dilúvio, uma grande inundação que lavou o mundo. A cidade foi destruída
e, com ela, o seu povo.
Mais uma vez caiu Caim em grande tristeza e
mergulhou na solidão. Tornando-se um cão vadio em meio a escombros, entregando
sua Progênie à própria sorte.
Eles vieram até ele e imploraram-lhe que
voltasse, para que na reconstrução da cidade os ajudasse. Mas ele negou-se a
acompanhá-los, dizendo que o Dilúvio fora enviado como uma punição, pois ele
havia voltado ao mundo da vida e subvertido a lei verdadeira.
Portanto, voltaram sós ante os mortais que haviam
sobrevivido. E anunciaram-se como os novos regentes. Cada qual gerou uma prole,
para invocar a glória de Caim, embora não tivessem sua sabedoria ou consciência.
Houve então uma grande guerra entre os Anciões e
seus filhos. E os filhos mataram os pais.
Os rebeldes construíram uma cidade nova e para
ela levaram treze tribos. Foi uma bela cidade e seu povo os adorou como deuses.
Eles criaram sua própria Progênie: a Quarta Geração de Canitas.
Mas eles temeram a Jyhad, e àquelas crianças foi
proibido criarem outras de sua espécie. Este poder, os Anciões guardaram para
si próprios. Quando uma Criança da Noite era criada, caçada e morta ela era
em seguida, e seu senhor com ela.
Embora essa cidade fosse tão grande quanto a de
Caim, ela acabou por envelhecer. E como sucede a tudo o que vive, lentamente
começou a morrer.
A princípio os deuses não viram a verdade.
Quando deram por si já era tarde. Sua cidade foi destruída, seu poder extinto.
E eles foram forçados a fugir acompanhados por sua Progênie. Mas haviam
enfraquecido, e por isso muitos foram mortos na fuga.
Com a autoridade dos senhores extinta, todos se
viram livres para gerar sua própria Prole. E logo houve muitos novos membros
que reinaram sobre a face da Terra.
Mas isso não podia durar. Com o tempo a Família
estava por demais numerosa. E, então, mais uma vez eclodiu a guerra.
Os anciões já estavam bem protegidos em seus
esconderijos, pois haviam aprendido a cautela. Mas seus filhos haviam criado
suas próprias cidades e Proles. E foram eles que morreram na violenta maré de
guerra.
A guerra foi tão absoluta, que daquela Geração
não restou ninguém para relatar sua história.
Ondas de carne mortal fora enviadas através dos
continentes para esmagar e queimar as cidades da Família. Os mortais pensaram
estar lutando suas próprias guerras, mas era por nós que derramavam seu
sangue.
Depois que essa guerra acabou, todos da Família
esconderam-se uns dos outros e dos humanos que os cercavam. E escondidos ainda
permanecemos, pois a Jyhad continua.
Nossa Verdadeira Natureza
Há aproximadamente dois séculos e meio, um padre
francês de nome Calmet procurou coletar toda a informação existente sobre a
natureza dos vampiros. Não é de admirar que seu tratado contenha muitas
contradições e áreas de incerteza. Citando os relatórios das Comissões
Papais enviadas para lidar com "pragas" de vampiros na Áustria, na
Hungria, Morávia e Silésia, Calmet relata que um vampiro pode ser destruído
se trespassado por uma estaca de madeira, sendo que a esse ato deve seguir-se a
decapitação e a incineração dos restos. Isto realmente irá destruir um
vampiro, da mesma forma como decerto destruiria um mortal. Homem brilhante, esse
Calmet.
Os filmes abreviaram um pouco esse tratamento
criando a falácia de que a estaca é suficiente. Não creias nessas fábulas.
Transfixar seu coração com uma estaca imobilizará o vampiro, mas ainda
existem outros procedimentos que são terminus sit indispensáveis. Sejam eles
incineração ou luz solar, ist egal; jamais confies apenas na estaca. Nem
ponhas tua fé unicamente em armas de metal. Essas coisas machucam, mas os
ferimentos saram depressa.
A luz do sol, conforme é dito, representa a
agonia final para os da minha espécie. Nos filmes, vemos vampiros caricatos,
com seus mantos e maquilagem pesada, sendo reduzidos a poeira pelo afago do sol,
ou explodindo em chamas, como os desafortunados que foram tragados pelo Fogo
Grego. Infelizmente isso é verdade, ainda que tratada com certo exagero. A luz
do sol, assim como a chama, queima-nos a pele, e apenas os mais velhos e fortes
entre nós conseguem suportá-la por longos períodos.
Portanto precisamos dormir de dia e agir apenas à
noite. Durante o dia somos letárgicos, sendo-nos difícil fazer qualquer coisa
além de dormir. Apenas aqueles entre nós que ainda não deixaram a natureza
humana muito para trás são capazes de agir enquanto o sol está alto no céu.
Crucifixos, água benta e outros símbolos
religiosos devem ser ignorados _ a Igreja sempre foi o primeiro refúgio dos
mortais confrontados com coisas que lhes ultrapassam a compreensão _
especialmente no passado. Contudo cheguei a presenciar algumas raras ocasiões
nas quais tais objetos foram capazes de causar um desconforto considerável.
Nesses casos, seus portadores quase refulgiam de fé na Divindade, o que leva a
concluir que os objetos religiosos serviram de algum modo para canalizar o poder
dessa fé. Ignores, todavia, os ardis do cinema, com seus candelabros cruzados e
sombras de pás de moinhos.
As pretensas propriedades do alho, assim como do
acônito e de outras ervas são, da mesma forma, mera superstição. Esses
vegetais repelem os vampiros tanto quanto fazem com a maioria dos mortais, a
despeito da cantilena das mulheres que os vendiam. Como a Igreja, as curandeiras
de aldeia eram muito requisitadas para usar sua "magia" contra
vampiros, obtendo os mesmos resultados pífios.
Os cineastas familiarizaram o grande público com
outras fraudes. Por exemplo, podemos ver nossos próprios reflexos no espelho,
embora alguns de nós finjam o contrário em honra a essa grande tradição
cinematográfica. Da mesma forma, podemos aparecer em película. Na verdade
alguns da minha espécie já protagonizaram filmes, e um deles foi até mesmo um
diretor bastante conhecido.
É igualmente absurdo presumir que um vampiro não
possa transitar da maneira que desejar. Nós Cainitas (um dos termos de nossa raça
para designar a nós mesmos) podemos entrar em qualquer casa e lar que quisermos
a qualquer momento. Da mesma forma, é despropositado acreditar que um vampiro não
seja capaz de cruzar água corrente. A água não exerce qualquer efeito sobre nós.
Como não mais respiramos, não podemos ser afogados. Embora a submersão possa
vir a ser uma experiência desagradável e resultar em algum grau de deterioração
física caso seja prolongada, nenhum vampiro morreu unicamente devido a isso;
entretanto, há rumores de que algumas linhagens são sensíveis a um contato
vis-a-vis com a água. Aliás, foi provavelmente assim que muitas crenças sobre
nós se originaram, uma vez que várias linhagens sofrem de fraquezas que foram
passadas sucessivamente pelo senhor à sua Prole.
Caso a forma humana não seja apropriada aos seus
desígnios, o vampiro cinematográfico é capaz de assumir diversas formas:
lobo, morcego, névoa _ e, em algumas histórias também o gato e alguns pássaros
noturnos, como o mocho. Os Anciões desfrutam de poderes extraordinários, como
testemunhei durante meu breve e indesejado envolvimento com seu jogo de Jyhad, e
não mais desdenho das histórias de mudança de forma. Porém, os indivíduos
das gerações mais novas raramente os possuem. Assim, asseguro-te: um vampiro
que possua forma plural pertencerá a uma raça rara, ao clã Gangrel, ou será
muito velho, sábio e poderoso.
Contudo, muitos de nós possuem habilidades que um
mortal consideraria sobrenaturais. Como predadores, nossos sentidos são aguçados,
e alguns desenvolvem outros talentos para ajudar na caçada. Um exemplo: a
habilidade de inspirar medo, paralisia, obediência e outras reações
emocionais é bastante útil, embora os escritores populares as tenham enfeitado
em benefício de suas histórias.
"E, todavia, sem prazer eu levo a vida;
E quando para mim se ecoa, tantas vezes,
a noite sem sono, sem sonho e sem ruído,
pensamentos de luz se passam dentro de mim,
De desejos eternos, de arroubos incensatos!"